quinta-feira, 24 de maio de 2007

Eu, tu, ele, nós, vós, eles

De Antonio Miranda Fernandes:


Hoje me surpreendi repensando amores.
Amores como: eu, tu, ele, nós, vós, eles,
temos. Não vou me referir no passado pois
amores que calaram na gente, permanecem
vivos, mesmo que latentes. Ficarão na
nossa eternidade para sempre. Não sou de
enraizar meu presente em caminho andado,
mas notei um fato, para mim novo: os amores
mais distantes no tempo estão mais próximos
que amores de agora. Será que com menor
idade nosso romantismo era diferente? Se as
rosas que furtava dos jardins são as mesmas
os muros e os cães bravios também. Eu sou
o mesmo. Ainda namoro em muros escuros e
me excito e gozo igualmente. Há, mas senti
falta do parquinho de diversões no qual eu
oferecia um bolero "para alguém que sabe
de quem". Íamos por uma vida que parecia
ser longa. Numa idade que queria não passar.
Para onde foram tempos que parecem ontem?
Os boleros do Ray Conniff e os rabos-de-galo?
Os sutiãs e os pudores, encantadores?
Os passeios aos domingos de mãos dadas?
Os vestidos longos de chita, bordados?
As esquinas escuras e os beijos roubados?
As manchas de batom sensual nas camisas?
As fotos em preto e branco nas carteiras?
Anéis finos de ouro 18k gravados com amor?
Não nos alegramos mais com a simplicidade,
Num sorrir aberto e franco sem exigências
Feitas às pressas com tantas condicionais?
Apenas restou o sofrimento da vida curta?
Será que o viver grande não voltará mais?

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